por Cristiano Abreu | Publicada em 02/05/2020 às 00h| Atualizada em 23/05/2020 às 16h04
Ontem, no artigo em que apontava o erro da administração municipal em liberar de forma irrestrita o comércio em Viamão (No dia em que Russinho libera a abertura geral do comércio, Viamão chega a 24 casos de covid-19; O provérbio e os três macacos sábios), comentei que órgãos de controle importantes nesse processo, como Conselho Municipal de Saúde (CMS) e Comitê de Operações de Emergência em Saúde (COE) não foram consultados. Também alertei que nenhum profissional que trabalha sério suporta tanta interferência política.
Não deu outra. A canetada que permitiu as portas abertas a partir de hoje (2) já causou baixas. Nesta manhã que mais parece véspera de Natal nas ruas do Centro, a presidente do Conselho de Saúde, Laureci da Silva Goulart, tornou público que o órgão não foi consultado a respeito do novo decreto - como a coluna antecipou. E mais: a médica Maria Letícia Rodrugues Ikeda entregou carta a Russinho comunicando sua saída do Comitê. CMS e Ministério Público já estão oficialmente informados.
Conforme o Diário de Viamão apurou, a decisão está baseada nas dificuldades encontratadas por Maria Letícia para operacionalizar o Plano de Enfrentamento ao Coronavírus. a médica cita "impossibilidade de estabelecer governança local". O pedido de saída foi realizado por ela na tade de quinta-feira (30), quando a administração discutia os termos do decreto para a reabertura do comércio.
Ikeda era mais uma voz técnica - e portanto contra a reabertura - que não foi ouvida.
Encerro essa coluna com o trabalho do cartunista Stephens. A charge, de forma simples e eficiente, traz a ideia perfeita do capital que sacrifica a vida, e sugere a linha de pensamento dos que, diante dos mortos Brasíla afora, dizem "e daí?"
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